O Instituto Escolhas e a consultoria PSR calcularam o valor da água para geração de energia e chegaram a conclusão que um prejuízo de R$ 4,5 bilhões por ano pode ser incluído na conta dos consumidores de todo país. Leva em consideração a escassez e conflito pela água e a frágil gestão dos recursos hídricos no Brasil.
O estudo (.pdf) analisa três casos envolvendo situações de escassez hídrica nas bacias dos rios São Francisco e Jaguaribe – e os recentes problemas de operação de algumas térmicas – e a Usina Hidrelétrica (UHE) Belo Monte. Em dois dos três casos analisados o conflito pela acontece entre a produção de energia e a produção de alimentos.
“Os nossos resultados mostram que a água está muito longe de ser um recurso infinito. Começamos a perceber a importância do estresse hídrico” afirma o engenheiro Rafael Kelman, um dos autores da pesquisa e diretor da PSR.
O Encargo Hídrico Emergencial (EHE) custou R$ 148 milhões para todos os consumidores de energia do país com a operação das usinas termelétricas de Pecém (CE), entre setembro de 2016 e agosto de 2019. O EHE foi criado pelo governo do Ceará para combater a crise hídrica.
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E a estimativa é que a escassez de água na bacia do rio São Francisco pode gerar custo de R$ 100 milhões por ano para a geração térmica e até R$ 2,5 bilhões por ano para a geração hidrelétrica. A fatura viria na conta dos consumidores, que acabariam rachando o prejuízo.
O Plano Decenal de Expansão (PDE 2026) projeta mais 16 usinas a biomassa e a gás natural na região. O estudo da PSR simulou a precificação do cenário de crise hídrica na bacia do rio São Francisco já considerando as termelétricas.
E mostrou que, em caso de crise hídrica, o valor adicional seria de 3,50 R$/MWh para as usinas a gás e de 9,20 R$/MWh para as de biomassa previstas.
Na Bacia do Rio Xingú, onde está hidrelétrica de Belo Monte, pode causar adicional de R$ 2 bilhões por ano pela perda da energia firme que é de 4.662,3 MW, com a recomendação do Ministério Público Federal (MPF) da adoção de apenas um hidrograma para proteger uma espécie rara de peixe.
Sérgio Leitão, diretor executivo do Instituto Escolhas, defende que o país crie um zoneamento prévio para água antes de continuar fazendo leilões de termelétricas a gás natural. Entende que, assim como faz com o gás, os leilões deveriam trazer a exigência de comprovação da água pelo empreendedor.
“O conflito pelo uso da água vai se intensificar, porque ela ficará mais escassa, seja devido às mudanças climáticas, seja pelo aumento do consumo”, afirma Sergio Leitão, Diretor Executivo do Instituto Escolhas. Segundo ele, uma das contribuições do estudo é ajudar a sociedade a olhar de forma sistêmica para os recursos hídricos do país.
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