A demanda por energia no Brasil deve crescer em mais de um terço entre 2018 e 2040, saltando de 288 milhões de toneladas de óleo equivalente (tep) para 391 milhões de tep em duas décadas. Significará um salto de patamar no país, mas demandará investimentos anuais na casa de US$ 70 bilhões, em sua maioria nos setores de óleo e gás e energia elétrica.
A análise é do presidente da Agência Internacional de Energia (AIE), Fatih Birol, que realizou palestra nesta terça (29), na OTC Brasil 2019, no Rio de Janeiro.
A principal alteração nos próximos anos na matriz energética no Brasil, segundo a AIE, será o aumento de espaço para o gás natural, que deve ter sua participação ampliada em em oito pontos percentuais, passando de 10% para 18%, ganhando espaço com a substituição do carvão.
A bioenergia também deve crescer, passando de 32% pra 34% da matriz energética.
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Emergentes terão 40% da demanda global de energia em 2040
O crescimento da demanda brasileira não será um fenômeno isolado, mas deve acompanhar a ascensão dos mercados emergentes. A IEA entende que a demanda por energia nos países em desenvolvimento crescerá rapidamente. A agência estima que em 2040 os emergentes serão responsáveis por 40% da demanda global de energia. No ano 2000 esses países consumiam apenas 20% da energia global.
Os principais responsáveis a puxar essa alteração no quadro global, no entanto, serão a China, que já é hoje o maior consumidor de energia, a Índia e a África. Entre as nações desenvolvidas, apenas os Estados Unidos permanecerão entre os quatro principais consumidores, ficando na segunda posição.
Em 2018, a demanda global de energia subiu 2,3% – a elevação mais rápida nesta década -, puxada pelo que classifica como um robusto crescimento da economia global.
Recorde de emissões relacionadas à geração de energia
A mudança no cenário global de demanda energética, porém, não vem sem ônus. Em 2018, as emissões de CO2 relacionadas à geração de energia alcançam um recorde histórico, chegando perto de 600 milhões de toneladas de CO2 equivalente (MtCO2e). Foi o segundo ano seguido com aumento expressivo de emissões depois de três anos de pouca variação nas emissões relacionadas à produção de energia.
Brasil vai se manter como exportador de energia líquida
No cenário brasileiro, no entanto, o presidente da IEA, Fatih Birol, lembrou que em 2018, o país passou, pela primeira vez, de importador de energia líquida para exportador de energia líquida. Segundo ele, a mudança foi, certamente, influenciada pelo cenário interno de estagnação econômica, que permitiu o aumento da exportação de insumos, como etanol.
Mas a AIE estima que o Brasil vai manter nos próximos anos o papel de exportador de energia, dessa vez, impulsionado também pelos pesados investimentos que o setor de óleo e gás nacional vai receber.
Brasil será um dos grandes responsáveis pelo aumento da produção global de petróleo
Fatih Birol também destacou que o Brasil será um dos grandes responsáveis pelo aumento da produção global de petróleo até 2030. De acordo com ele, com o desenvolvimento do pré-sal nos próximos anos, a produção nacional de óleo saltará para quase 2,5 milhões de barris diários.
A variação positiva estimada pela IEA entre 2018 e 2030 só deve ficar abaixo da evolução da produção dos Estados Unidos, que deve variar quase 3,5 milhões de barris diários. Em terceiro lugar está o Iraque, com variação positiva de cerca de 1,2 milhões de barris diários.
“O crescimento da produção de petróleo no Brasil crescer vigorosamente, apoiada pelas mudanças regulatórias”, diz Birol.
“E o crescimento da produção no Brasil pode ser até maior do que nossas expectativas”, afirma o executivo, para quem o país é um ótimo destino para investimentos na cadeia de offshore no momento.
Mas enquanto o Brasil verá uma evolução baseada na exploração do pré-sal, outros países, como Estados Unidos, Catar e Austrália, vão se consolidar como os maiores produtores de gás não convencional. Já em 2024 os três países terão 60% da produção global de gás não convencional.
Indústria petroquímica será grande responsável por aumento do consumo de petróleo e derivados
Para Birol, não há um pico iminente na demanda global de petróleo no período, mas sim uma variação significativa do destino da produção de óleo. A IEA aponta que já em 2025 a indústria petroquímica será a principal responsável pelo aumento do consumo de petróleo e derivados, seguida pelos veículos de carga, enquanto o consumo de petróleo destinado aos carros reduzirá, graças à popularização dos carros elétricos.
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