Presidente do Ibama afirma que operação "ship to ship" é origem mais provável para óleo no Nordeste

Eduardo Bim confirmou origem venezuelana do óleo, mas afirmou que Ibama tem cautela na divulgação de informações para evitar "incidente diplomático"

Comissão de Meio Ambiente (CMA) realiza audiência pública interativa para tratar sobre as causas e efeitos relativos às manchas de óleo que contaminam as águas marítimas e as praias da área litorânea do Nordeste do Brasil, com vistas ao gerenciamento de crise e à responsabilização associada.rrÀ mesa, em pronunciamento, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim.rrFoto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Comissão de Meio Ambiente (CMA) realiza audiência pública interativa para tratar sobre as causas e efeitos relativos às manchas de óleo que contaminam as águas marítimas e as praias da área litorânea do Nordeste do Brasil, com vistas ao gerenciamento de crise e à responsabilização associada.rrÀ mesa, em pronunciamento, presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Eduardo Fortunato Bim.rrFoto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O presidente do Ibama, Eduardo Fortunado Bim, disse considerar uma operação de transferência de óleo em alto mar entre duas embarcações (operação ship to ship) como a hipótese mais provável para a causa do vazamento de óleo que já atinge 167 localidades em 72 municípios dos nove estados do Nordeste. Para Bim, o vazamento é um incidente inédito, com tipologia totalmente diferente no derramamento ordinário de óleo, o que dificulta o trabalho de monitoramento e mitigação dos danos no litoral.

“Embora a gente não esteja descartando nenhuma causa da origem desse óleo, eu acho que o ship to ship ainda é o mais provável, mas a gente tem que investigar e não está descartando nenhuma causa”, disse Bim durante audiência pública no Senado nesta quinta-feira, 17.

Segundo ele, a hipótese de descarte proposital de óleo em alto mar, que seria sugerido a partir de barris encontrados em praias, é mais improvável, mas não está descartada.

Na quarta, um barril fechado foi encontrado em Tabatinga, na costa do Rio Grande do Norte, perto de Natal. Porém, a Marinha informou em nota que “os dados disponíveis até o momento não permitem concluir se o episódio tem relação com outros tambores encontrados no litoral de Sergipe (que também tinham o logo da Shell) ou com o óleo que tem se espalhado pelas praias do Nordeste“.

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Bim, que participou de audiência pública convidado pela Comissão de Meio Ambiente do Senado, afirmou que o Ibama não está sonegando informações, mas trabalha com cautela “para evitar problemas diplomáticos”. Ele confirmou que o óleo tem DNA venezuelano, mas evitou responsabilizar o país vizinho pelo desastre.

“Este óleo é venezuelano. O DNA é venezuelano. É uma certeza, é uma afirmação, não uma especulação”, disse Bim. “Significa que a Venezuela é responsável? Não, isso é outra questão”.

Segundo o presidente do Ibama, atualmente há um cenário de estabilização para o alcance do desastre. Mas as características do óleo encontrado no litoral dificultam o combate ao vazamento e mesmo que o óleo seja rastreado. Técnicas de contenção usuais, como o uso de boias de contenção, não têm a mesma eficiência neste caso em que o óleo não estão na superfície do mar. Para ele, saber de antemão onde as manchas vão aparecer não é tão simples quanto parece e o Ibama tem apostado na limpeza rápida das praias como a melhor forma de atuação.

“Esse óleo só aparece quando quebra a onda na praia. Esse cenário é inédito e não rastreável ainda”, disse. “O óleo não é superficial e ele já está há um tempo no mar. A gente não conseguiu identificar essas manchas em cima do oceano ainda”.

O vazamento no litoral do Nordeste está no foco de parlamentares da região. Nesta semana, o senador Jaques Wagner (PT/BA) pediu que o governo crie uma força-tarefa para combater o óleo nas praias.

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