O Cade de Jair Bolsonaro e o embaixador em Washington

(Brasília - DF, 22/08/2019) Encontro com Shin Won Cho, Presidente da KOBRAS e Presidente & CEO da SK Networks. rFoto: Marcos Corrêa/PR
(Brasília - DF, 22/08/2019) Encontro com Shin Won Cho, Presidente da KOBRAS e Presidente & CEO da SK Networks. rFoto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro indicou nesta sexta-feira (23) quatro novos nomes para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e reconduziu o atual superintendente-geral do órgão, Alexandre Cordeiro. Foram indicados três novos conselheiros e uma nova procuradora-geral para o órgão, que é ligado ao Ministério da Justiça. Todos os nome precisam passar pelo crivo da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado. 

Segundo o Estadão/Broadcast  apurou, as indicações de  Luiz Augusto Azevedo de Almeida Hoffmann como conselheiro e  Lenisa Rodrigues Prado, como procuradora geral, foram negociadas diretamente com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. As indicações fazem parte de um acordo para aprovar o nome do filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL/RJ), para o cargo de embaixador do Brasil em Washington. Assim como os nomes do Cade, os embaixadores também precisam ser aprovados pelo Senado.

Leia Também > BR, Raízen e Ipiranga serão investigadas pelo Cade por cartel nos leilões dos portos

As indicações desta sexta-feria (23) acontecem depois de Bolsonaro retirar as indicações de Leonardo Bandeira Rezende e Vinícius Klein para cargos de conselheiros Em junho, o Broadcast do Estadão, já havia noticiado que as indicações de Resende, pelo ministro Sérgio Moro, e de Klein, por Paulo Guedes, desagradaram membros do Congresso.

“Os parlamentares reclamaram o fato de as indicações terem sido feitas pelos ministros e queriam também poder participar do processo de escolha dos nomes”.

Com o fim do mandato de três conselheiros, o Cade está atualmente sem quórum para decisões no tribunal até que os nomes dos novos conselheiros sejam aprovados pelo Senado.

Quem são

Sócio do escritório de advocacia Almeida Prado e Hoffmann, Luiz Augusto Azevedo de Almeida Hoffmann é advogado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, doutor em Direito Civil pela USP e pela Università di Camerino. Foi diretor do Departamento Jurídico da Fiesp e é atualmente membro do Comitê dos Jovens Empreendedores da Fiesp. 

[sc name=”adrotate”]

Professor da FGV/EPGE, o economista Luis Henrique Bertolino Braido também foi indicada para uma vaga no Conselho. Braido é Ph.D. em economia pela Universidade de Chicago, o que é um bom sinal de onde vem sua indicação. 

O último nome indicado para compor o Conselho é do subchefe adjunto de Política Econômica da Casa Civil, Sérgio Costa Ravagnani. 

Bolsonaro indicou ainda Lenisa Rodrigues Prado para o cargo de Procuradora-Chefe do Cade. Lenisa foi Conselheira do Conselho Administrativo de REcursos Fiscais (Carf) e atuou no caso que envolvia o suposto não recolhimento de Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre contratos de afretamento de embarcações e prestação de serviços firmados pela Petrobras.

O Cade é responsável de defesa da concorrência no país e também pelas aprovação das operações de fusões e aquisições. Recentemente, assinou com a Petrobras dois acordos históricos na área de petróleo e gás, o primeiro para desinvestimentos da empresa na área de downstream, onde a estatal se comprometeu a vender oito refinarias, e o segundo sobre o mercado de gás, onde a empresa se comprometeu a vender sua participação nos segmentos de transporte e distribuição.  

A Petrobras teve em 2018 um forte revés no Cade, quando o órgão vetou a compra da Liquigás, empresa 100% Petrobras, pela Ultragaz, empresa do Grupo Ultra. A operação, avaliada em R$ 2,8 bilhões, fazia parte do Plano de Desinvestimentos e Parcerias da Petrobras.