Da epbr com agências
A ex-presidente da Petrobras, Maria das Graças Silva Foster, é suspeita de não ter adotado medidas para apurar e interromper esquemas de corrupção dentro da companhia, de acordo com a Polícia Federal. A presidente da estatal entre os anos 2012 e 2015, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), foi alvo de mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal em sua casa nesta sexta (23). Os mandados são parte da 64ª fase da Lava Jato, chamada Operação Pentiti.
A operação investiga a compra pelo banco BTG Pactual na Petrobras Oil & Gas B.V, que tinha 8% de participação no bloco OML 127, onde está o campo produtor de Agbami, e 16% de participação no bloco OML 130, que contém o campo produtor de Akpo e o campo de Egina, não sendo operadora em nenhum deles. Todos os ativos offshore estão na África.
Em novembro de 2018, a Petrobras anunciou que vendeu para a Petrovida Holding, formada pelas sócias Vitol Investment, Africa Oil e Delonex Energy Ltd (“Delonex”) a sua participação na 50% na Petrobras Oil & Gas B.V. A negociação foi avaliada em até US$ 1,530 bilhão, sendo um pagamento à vista de US$ 1,407 bilhão, sujeito a ajustes até o fechamento da operação, e um pagamento diferido de até US$ 123 milhões, a ser efetuado assim que o processo de redeterminação do campo de Agbami for implementado.
Os investigadores afirmam que Graça Foster favoreceu o banco nas operações, que supostamente teriam resultado em prejuízo de cerca de R$ 6 bilhões à Petrobras.
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De acordo com o Ministério Público Federal, a metade dos ativos negociados foi vendida por US$ 1,5 bilhão, mas avaliação inicial dos valores indicava que os ativos eram estimados entre US$ 5,6 bilhões e US$ 8,4 bilhões. Para o MPF, a operação de venda favoreceu o BTG, de André Esteves, por restringir a concorrência na oferta. O banco também teria tido acesso a informações sigilosas sobre os ativos.
Graça Foster também é suspeita de ter ignorado irregularidades conhecidas por ela em contrato firmado pela Petrobras com a Odebrecht. Em decisão que aprovou a operação, a juíza Gabriela Hardt afirma que “mesmo com a aparente ciência das irregularidades, não houve rescisão ou ordem para que fosse apurado o pagamento de vantagens indevidas até então”. A juíza cita mensagens trocadas entre Graça Foster e o ex-presidente da Odebrech, Marcelo Odebrecht.
Na quarta-feira, a 63ª fase da Lava Jato teve como alvo o ex-diretor jurídico da Odebrecht e cunhado de Marcelo Odebrecht, Maurício Ferro. Ele foi preso e em sua casa foram encontradas chaves de criptografia que podem dar acesso a informações ainda inéditas na operação.
A 64ª fase da Lava Jato apura ainda informações oriundas da delação do ex-ministro da Fazenda do governo Lula, Antonio Palocci. Na delação, Palocci afirma que o banqueiro André Esteves teria negociado o repasse de R$ 15 milhões ao PT para garantir posição privilegiada ao BTG em projetos de sondas para a Petrobras no pré-sal. A PF também cumpre mandados de busca e apreensão na casa de Esteves, no Rio.
Delegado responsável pela operação, Filipe Pace, afirma que há “vasto material probatório de investigações passadas, apreensões passadas” embasando a operação de hoje.
Segundo o delegado, ainda não há intimações para depoimento feitas às pessoas envolvidas na operação de hoje. Essas solicitações serão feitas após o resultado preliminar das buscas de hoje.
Nesta sexta estão sendo cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Os crimes investigados envolvem organização criminosa, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A operação da PF foi feita em parceria com o Ministério Público Federal e a Receita Federal.
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