A Petrobras informou na noite desta segunda, 20, que a balsa Locar V naufragou parcialmente e foi feito um sobrevoo no local para avaliar a situação. “A Petrobras, junto com suas contratadas Jurong, Locar e Tranship, está realizando trabalhos de inspeção da balsa Locar V e de avaliação dos dois módulos da plataforma P-71”, informou a empresa.
Após avaliação com ROV, a Petrobras constatou o naufrágio dois módulos de geração de energia da plataforma P-71, que estavam sendo transportados pela balsa Locar V, de Itajaí (SC) para o estaleiro Jurong Aracruz (ES). “Análises, preliminares, indicam que, ainda que ocorra a perda integral dos módulos, é possível mitigar o impacto do acidente na conclusão da obra de construção e montagem da unidade”, informou a empresa à CVM.
A Locar V naufragou parcialmente na noite de sábado (18/5), próximo a Itajaí (SC) – em área jurisdicional da Delegacia da Capitania dos Portos de São Francisco do Sul. Não houve feridos e, segundo a Petrobras, não foi detectado vazamento de óleo.
“A Petrobras instaurou uma comissão de investigação para avaliar as causas do acidente.”
O incidente ocorreu durante o transporte dos módulos de geração de energia M-15 e M-16 da plataforma P-71 para o estaleiro Jurong, em Aracruz (ES), onde foi contratada a integração da plataforma. A balsa Locar V era rebocada pelo TS Favorito, da Tranship.
Os módulos M-15 e M-16 são unidades de geração de energia do topside do FPSO P-71 que foram construídos em Itajaí e estavam sendo transportados para o Aracruz (ES) para serem instalados na plataforma. A integração da P-71 está contratada com o estaleiro Jurong e o casco foi feito na China.
Ainda não se sabe o estado dos módulos. De acordo com a notificação da Tranship, feita logo após o incidente, os equipamentos não tinham submergido completamente. A Petrobras informou que ainda está apurando as consequências do naufrágio.
Os módulos que estavam sendo rebocados são conjuntos de turbinas abastecidas com gás produzidos nos próprios campos, que alimentam as plataformas. São unidades de grande porte, podendo chegar a 50 MW de potência instalada em plataforma de grande porte como a P-71.
O último replicante
No início de 2018, a Petrobras fechou com o estaleiro chinês CIMC Raffles contrato para a conversão do casco do FPSO P-71, à época, prevista para campo de Sururu, na Bacia de Santos – o projeto está fora do atual plano de negócios da petroleira. A licitação para conversão do casco foi realizada no fim de 2017. A integração da unidade está contratada com Estaleiro Jurong Aracruz, no Espírito Santo.
O casco do FPSO foi inicialmente contratado pela Petrobras com a Ecovix, que venceu a licitação para fazer os oito cascos das plataformas replicantes do pré-sal mas acabou enfrentando diversos problemas financeiros e também teve antigos sócios presos pela Operação Lava Jato. A estatal cancelou o contrato para a construção do casco, que já havia sido iniciada e indicou a venda dos blocos já construídos como sucata.
A P-71 faz parte de um pacote, inicialmente, de oito FPSOs com 150 mil barris/dia de capacidade de produção de petróleo e 6 milhões de m³/dia, de compressão de gás natural. Foram desenvolvidos para os campos do pré-sal e a meta inicial era construir as unidades com alto percentual de conteúdo local em estaleiros brasileiros.
Após uma série de problemas, inclusive a crise desencadeada com a Operação Lava Jato, parte das obras foram para o exterior e duas unidades (P-72 e P-73) tiveram seus contratos cancelados. Ela também seriam construídas no Brasil, pela Ecovix. Com isso, a P-71 é o último FPSO replicante da Petrobras.