Arrendamento das Fafens é questão de estratégia nacional, afirma senador

Para Alessandro Vieira, Petrobras não apresentou alternativa pensada para garantir segurança a agricultores e governo federal se ausenta do debate acerca das fábricas de fertilizantes

Para Alessandro Vieira (Cidadania/SE), governo está ausente do debate sobre fábricas de fertilizantes da Petrobras / Foto: Agência Senado
Para Alessandro Vieira (Cidadania/SE), governo está ausente do debate sobre fábricas de fertilizantes da Petrobras / Foto: Agência Senado

BRASÍLIA – O senador Alessandro Vieira (Cidadania/SE) cobrou nesta semana o governo federal de tomar as rédeas do processo de arrendamento das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafens) da Petrobras. Em entrevista à epbr, Vieira criticou a postura do governo e da Petrobras e afirmou que a abertura do mercado de fertilizantes para empresas internacionais pode impactar diretamente o custo da produção do agronegócio brasileiro. Para ele, a Petrobras ainda não demonstrou claramente qual é a alternativa pensada para garantir segurança aos agricultores.

“Hoje o Brasil já depende da importação de fertilizantes, mas se as Fafens pararem, vamos depender 100% de importação”, criticou. “Além dos empregos e da cadeia local, há uma questão de estratégia nacional nesse processo. Não é inteligente colocar nas mãos do estrangeiro a composição de preço da nossa principal commodity”, complementou.

Para Vieira, a pressão da bancada parlamentar do nordeste sensibilizou a Petrobras a decidir pelo arrendamento das duas fábricas de fertilizante na Bahia e em Sergipe. Mas não foi suficiente para a companhia estabelecer prazo ou um modelo de transição para as plantas.

Senador defende subsídio ou isenção de impostos para importação de fertilizantes

Vieira diz que para o arrendamento ser feito sem prejuízo aos produtores que dependem dos insumos, seria necessária a criação de subsídios ou isenção de impostos para a importação de fertilizantes.

O senador também alfinetou a falta de organização do governo federal para receber os questionamentos dos parlamentares sobre as Fafens e a ausência do presidente Jair Bolsonaro no tema que considera de extrema importância para o agronegócio brasileiro.

“É uma ação da Petrobras, mas cabe ao governo e ao Presidente da República tomar às suas mãos as questões estratégicas nacionais. Falta uma coordenação do governo, nós já levamos isso ao Executivo, mas conseguir fazer a informação circular com rapidez está difícil”, comentou.

Questionado sobre a audiência pública com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, no Senado Federal durante essa semana, o parlamentar percebeu a preocupação do ministro com o tema das Fafens, mas não achou o suficiente. “Ele precisa de ações concretas. De boas intenções, o inferno está cheio”.

Três empresas interessadas em arrendar Fafen de Sergipe, diz governador 

Governador de Sergipe, Belivaldo Chagas, em reunião com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco: “Governo fará o possível para evitar o fechamento da fafen / Foto: governo de Sergipe

Na semana passada, o governador de Sergipe, Belivaldo Chagas (PSD), esteve em reunião com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco. e com secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Márcio Felix, no Rio de janeiro. No encontro, a Petrobras informou que haveria três empresas interessadas no arrendamento da Fafen de Sergipe.

Vieira também esteve na reunião e defendeu que o governo federal assuma a operação da fábrica enquanto a Petrobras negocia o arrendamento da planta. Segundo ele, essa seria a forma de evitar a hibernação da Fafen.

No próximo dia 9, Belivaldo Chagas e o governador da Bahia, Rui Costa, irão debater o futuro das duas fábricas de fertilizantes com o ministro de Minas e Energia, em Brasília. “Temos uma cadeira produtiva na região que gera emprego, renda e impostos. São mais de 5 mil empregos indiretos”, diz Chagas.