A Petrobras anunciou nesta sexta-feira que vai ampliar seu plano de desinvestimentos com a inclusão de mais campos maduros de petróleo e gás terrestres e em águas rasas, ativos de midstream e downstream. A medida faz parte do Plano de Resiliência aprovado pela diretoria da empresa, que tem como objetivos a redução do custo do capital; busca por custos baixos, meritocracia e respeito às pessoas e ao meio ambiente e foco na segurança de suas operações.
A Petrobras anunciou até o momento apenas dois desinvestimentos em terra e águas rasas, mas possui mais de uma centena de ativos na região à venda. Em novembro do ano passado, a empresa anunciou a venda para a 3R Petroleum de 34 campos na Bacia Potiguar, o Polo Riacho da Forquilha, na parte terrestre da Bacia Potiguar.
A conclusão da operação foi anunciada, depois de mais de três anos do lançamento do primeiro Projeto Topázio, plano de desinvestimento da Petrobras para as áreas terrestres. Até o momento não há contrato assinado para a venda dos campos e setores da indústria questionam a habilitação da empresa na concorrência.
Também em novembro do ano passado, a Petrobras anunciou que a Perenco topou comprar, por US$ 370 mil (R$ 1,425 bilhão), os campos de Pargo, Carapeba e Vermelho, em águas rasas da Bacia de Campos. A conclusão desses negócios significará uma nova escala para o mercado de campos maduros no Brasil, tanto em terra quanto em águas rasas.
Outro projeto em águas rasas também não tem desfecho anunciado. Em julho, a Petrobras confirmou que a Ouro Preto Óleo e Gás, do empresário Rodolfo Landim, apresentou a melhor proposta para aquisição dos Polos Enchova e Pampo, em águas rasas da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. A estatal, contudo, resolver relicitar as áreas no final do ano passado e não anunciou ainda o resultado da concorrência.
O Plano de Resiliência também vai incluir novos ativos de midstream e downstream, o que pode ser uma indicação de nova disposição para a venda da BR Distribuidora e também da Liquigás. A última empresa a Petrobras chegou a fechar a operação de venda com o Grupo Ultra na gestão Pedro Parente, mas o Cade vetou o acordo.
“Vale notar que o ajuste não contempla ainda a revisão do pacote de desinvestimento de refinarias, ainda em estudo”, diz a empresa em nota. Há uma semana, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, anunciou que a revisão do modelo de venda de refinarias em até três meses. A avaliação é que o modelo atual, proposto na gestão Pedro Parente, pode criar monopólios privados.
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica está recomendando que a Petrobras venda a totalidade das quatro refinarias que fazem parte do seu programa de desinvestimentos. A recomendação faz parte de uma nota técnica elaborada pelo Grupo Técnico formado com a ANP para estudar o mercado de downstream no Brasil. O GT está defendendo também que a Petrobras faça algum desinvestimento na área de refino também na região Sudeste do país.
O Plano de Resiliência também projeta diminuição de gastos operacionais gerenciáveis estimada em US$ 8,1 bilhões (6,6%) relativamente ao valor total de US$ 122, 6 bilhões orçado no atual planejamento. Para isso, a companhia anunciará em breve um programa de desligamento voluntário e de despesas discricionárias, como publicidade, patrocínios e outros. “Economias derivadas da otimização do uso de prédios administrativos são as principais fontes da redução de custos”, diz a nota.
A empresa afirmou ainda que está trabalhando para a liberação do excesso de capital estacionado nas disponibilidades de caixa, o que permite sua realocação para usos mais produtivos.