Em fevereiro deste ano, em uma apresentação ao comitê gestor da REDEPETRO-BC, propus e, eles aceitaram, aquele que seria o primeiro seminário sobre descomissionamento de plataformas, linhas e equipamentos submarinos em Macaé e, que ele deveria ter a presença de órgão reguladores; Petrobras e COPPE-UFRJ.
Após cinco meses de intensa preparação, finalmente no dia 12 de julho o seminário aconteceu e foi um sucesso de público e de crítica. Contou com a presença dos seguintes palestrantes: Marcelo Mafra, da ANP, Marcelo Igor, da COPPE e eu, representando a REDEPETRO-BC. Na ocasião, não pudemos contar com a presença da Petrobras, devido restrições por conta da proximidade das eleições.
Após o seminário, em conversa com Mafra, propus alguns seminários adicionais, sendo cada um deles com foco nas mais diversas disciplinas de um projeto de descomissionamento. Prontamente, a ideia foi aprovada e, o primeiro destes seminários aconteceu no dia 31 de outubro de 2018, e a disciplina escolhida foi: descomissionamento de linhas, dutos e equipamentos submarinos, sobre o qual, apresentarei mais detalhes a seguir.
O seminário aconteceu com seis importantes palestras, que mostraram as bases regulatórias do descomissionamento no Brasil, resultados de estudos, projetos, a visão da Petrobras sobre o tema, uma visão global do mercado e, principalmente, as palestras que mostraram técnicas já consagradas e novas tecnologias que irão, no médio prazo, reduzir tempos e custos, bem como, aumentar sobremaneira a segurança das pessoas e do meio ambiente.
Os convidados foram:
. Marcelo Mafra -Superintendente de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP,
. Marcelo Igor – Professor da COPPE/UFRJ
. Eduardo Zacaron – gerente de Descomissionamento da Petrobras
. Lauro Puppim – Gerente da Saipme
. Frédric Fuerth – gerente da Edison Chouest
. Rafael Cerejo – Gerente da Oceaneering
Resumo das apresentações:
Lauro Puppim – SAIPEM
O palestrante trouxe o tema: “Fim de vida útil – Descomissionamento de Campos Offshore, com a seguinte agenda:
- a) O que é Descomissionamento;
- b) Conhecimento e Experiências e,
- c) EPRD – Cadeia de valor e mais.
- Discursou sobre o tempo e as fases de um projeto de Descomissionamento, desde a COP – Cessation of Production até a fase de monitoramento, sendo que, as principais fase seriam: Escolha do “Duty Holder” (operador de ativos) nomeado pela companhia, encarregado de prestar serviços para: HSE, operações, manutenção, engenharia integrada e planejamento, cadeia de suprimentos e logística.
– os ativos envolvidos: poços (árvore úmida / seca); Plataformas (topside / jacket); instalações submarinas (modelos, tubulação, cabos, etc.); plataformas (casco, módulos, amarração, âncoras, risers,…)
– Citou ainda os principais Stakeholders que perpassam toda a cadeia: Interfaces governo/empresa, planejamento estratégico/economia, gestão de reservatórios, jurídico e comercial/financeiro, relações públicas, …
– Falou sobre o ambiente de decisão de descomssionamento, e fatores chave que influenciam a decisão e a abordagem para o descomissionamento:
– Desafios: Interesses conflitantes entre os atuais contratados e os objetivos da empresa. O descomissionamento raramente é um simples reverso da instalação. Pode ser um ambiente de trabalho de alto risco, onde existe incerteza da informação “construída”. Ativos disponíveis localmente geralmente influenciam a solução de remoção e descarte. Pressão econômica/atitude diferente de contratação. Imagem pública/ comunicação.
– Problemas: Responsabilidades Regulação/Legislação; Riscos de segurança / meio ambiente; Ciclo de vida do ativo: custos operacionais versus produção; Interação com outros operadores de campo; Interfaces com outros empreiteiros.
- b) Conhecimento e Experiências: Na linha do tempo de um projeto de DECOM, dividiu as principais fases e suas sub fases:
– COP:
– Operação e manutenção na fase final: estas estão dentro das atividades e contratos já em vigor na empresa, sem necessidades adicionais;
– Gerenciamento de ativos: plug de poços & abandono (neste caso, a Petrobras já possui contratos com sondas para tais operações, então, sem oportunidades adicionais para a indústria); instalações e dutos e preparação de topside. EPRD na divisão offshore para garantir que plantas de dutos fiquem completamente livres de hidrocarbonetos.
– Livres de Hidrocarbonetos passamos para as seguintes fases: Remoção da subestrutura; recuperação do site; descarte na parte superior e na subestrutura ou reciclagem; monitorização do site; remoção da infraestrutura submarina. E por fim, monitoramento contínuo.
– Elementos chave para o suporte das operações: tecnologias e inovação; serviços de segurança e gerenciamento de risco; monitoramento ambiental e ações de resposta; entendimento regulatório e comunicação.
– Gerenciamento do meio ambiente e ações de resposta e operações de Monitorament.
- c) EPRD – Cadeia de valor e mais.
Puppim deixou claro que, em um projeto de DECOM, s as partes precisam entender de forma clara, as complexas interações entre Produção, OPEX e Desmobilização, alertando que, ainda assim, muitos projetos de final de vida e descomissionamento ultrapassam o orçamento, o que sugere que a maioria das abordagens são subestimadas e/ou as lições aprendidas não estão sendo aplicadas. Defende que uma melhor integração e cooperação pode reduzir o cronograma e o custo de desativação.
Mostra que existe agora uma crescente recomendação da indústria de um pacto para reduzir custos e riscos, da seguinte forma:
- Colaboração entre clientes: múltiplos projetos (diferentes ativos de clientes), forte sistema de gestão; atuar como com um grupo de empreiteiros; economia de escala;
- Colaboração entre contratantes: engajamento antecipado de todas as competências essenciais (Titular de Direitos, P&A, EPRD); utilização eficiente das instalações disponíveis nas plataformas (leito, guindastes, heliponto); compreensão profunda de todas as facilidades (condição atual, como foi construído)
- Lições passadas aprendidas: A campanha de P&A poderia impactar dramaticamente o programa geral do descomissionamento; interfaces de redução entre diferentes atores com diferentes metas em favor de um esquema de responsabilidade mais amplo e comum, ou seja, qualquer interface introduz um risco (incertezas, atraso, custo); finalmente; assegura que, um problema identificado e resolvido precocemente é sempre a maneira mais econômica e segura de trabalhar..
Clareza solar até aqui?
Como o seminário foi denso de apresentações e, na tentativa de resgastar o mais fidedignamente possível o que foi dito, acaba que os artigos ficarão longos, então, vou dividi-los e continuarei na próxima semana.
Boa leitura, que seja útil.