O Brasil está particularmente bem posicionado para enfrentar o desafio que será a construção de uma matriz energética em linha com metas de redução de emissões de carbono. A visão é do presidente da Shell no país, André Araujo, que concedeu entrevista exclusiva ao Rio Oil & Gas Studio, em São Paulo, logo após participação no evento Sustentável 2018, realizado pelo Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável.
Uma das maiores petroleiras privadas do mundo, a Shell se posicionou, este ano, a favor do Acordo de Paris, uma iniciativa para tentar frear o aquecimento global.
“Cada país vai ter o seu modelo, que tem uma adequação a sua realidade. Particularmente o Brasil tem um grande benefício, porque esse país tem realmente o privilégio, primeiro, de ter uma matriz que já é considerada limpa. O ponto dois é a opcionalidade, a gente não pode perder a opção de continuar incentivando o crescimento de energia renováveis”, afirmou Araujo.
Em abril, a Shell inclui no rol de projeções que faz para a indústria de energia, o cenário Sky, que considera as mudanças necessárias na matriz energética global para enfrentar o desafio da redução na temperatura global prevista no Acordo de Paris, de reduzir a temperatura global em 2 °C em relação a níveis pré-industriais.
“Optou-se por ter um cenário que mostram alternativas, o que é possível ser feito. O cenário Sky, que traz um mundo onde nos vamos conseguir uma sociedade onde a temperatura não vai subir mais do que os 2 graus que foram acordados em Paris.”
André Araujo reforça que o gás natural, especialmente no Brasil onde as projeções são de aumento de produção de petróleo e, portanto, de gás associado, terá um papel central na transição energética.
“O gás é um produto da produção de óleo. Tem uma serie de reservas dentro do pré-sal, e não só no pré-sal, onde o gás tem abundância e o mercado brasileiro tem uma ansiedade por ter um volume maior de gás disponível. Sem dúvida o gás é o energético dessa transição”
No cenário Sky, a Shell entende que é possível que o gás natural tenha um papel importante em reduzir a demanda global por carvão para geração de energia nas próximas duas décadas. A demanda por gás começaria a cair, então, a partir de 2040.
André Araujo destaca que, por mais agressivo que o cenário Sky trate a redução na demanda futura de petróleo – estima que o pico será entre 2025 e 2020 –, há uma convergência entre os cenários de grandes petroleiras quanto a queda no consumo de óleo em um futuro próximo.
“O que você consegue perceber é um padrão nas grandes petroleiras de entender claramente que existe um pico na demanda de petróleo. Isso faz a gente pensar em algumas coisas: em nenhum cenário a demanda de óleo e gás continua (…), mas você consegue ver claramente outros energéticos crescendo de posição, como energia solar, que vai ter um papel, particularmente no Brasil, muito forte”.
Esta entrevista com o presidente da Shell Brasil, André Araujo, é parte da cobertura que a epbr fará no Rio Oil & Gas Studio, patrocinado pelo Porto do Açu. Assista a íntegra no nosso canal no Youtube.