Fernando Bezerra será líder do governo no Senado até outubro

Convidado por Temer, senador ficará na posição durante o período eleitoral, em que a pauta será dominada por "matérias que já têm consenso"

Os senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Eunício Oliveira (MDB-CE). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Os senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Eunício Oliveira (MDB-CE). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Os senadores Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) e Eunício Oliveira (MDB-CE). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE) será o novo líder do governo no Senado até outubro. O pernambucano aceitou nesta terça-feira, 28, o convite feito diretamente pelo presidente Michel Temer e permanecerá na posição ao menos até o fim do “esforço concentrado”, como foi chamado o período entre o fim do recesso de agosto e o primeiro turno das eleições nacionais, em 7 de outubro.

A decisão de ocupar a liderança do governo foi feita depois que Bezerra conversou pessoalmente com o presidente Temer na manhã de hoje. Eleito em 2014 pelo PSB, Bezerra trocou de partido no começo do ano para permanecer na base do governo, rompendo com sua antiga sigla que migrou para a oposição. Entre os 18 senadores do MDB, ele é um dos dois únicos parlamentares que não estão concorrendo a nenhum cargo na eleição deste ano. O outro nome é de Simone Tebet (MDB/MS). Pré-candidata ao governo do Mato Grosso do Sul, ela abandonou a disputa em agosto.

O nome de Bezerra foi sugerido ontem pelo antigo líder do governo na Casa, Romero Jucá (MDB/RR), que se afastou da função alegadamente por discordar “da forma como o governo federal está tratando a questão dos venezuelanos em Roraima”.

Jucá enfrenta dificuldades na corrida à reeleição ao Senado. Em segundo lugar nas pesquisas, ele é o candidato mais rejeitado na disputa. No começo do mês, Jucá faltou à primeira semana do “esforço concentrado”, justo quando a possibilidade das votações dos textos da venda das distribuidoras e da cessão onerosa (PLC 78/18) foi descartada antes da eleição pelo presidente da Casa, Eunício Oliveira (MDB/CE) e pelo vice-presidente, Cássio Cunha Lima (PSDB/PB).

Senador frisa que matérias a serem votadas no período do esforço concentrado serão somente aquelas sobre as quais já há consenso

Através de sua assessoria, Bezerra confirmou a decisão de responder pela liderança durante o período do esforço concentrado, “quando serão apreciadas somente matérias que já têm consenso”. A fala sugere que o governo não trabalhará para votar os textos da cessão onerosa e da venda das distribuidoras antes da eleição.

O Senado terá reuniões plenárias nas duas próximas semanas. No centro dos interesses do governo está a aprovação de duas medidas provisórias referentes ao subsídio do diesel, cuja validade expira na primeira semana de outubro. Na semana que vem, o governo precisa aprovar ainda em comissão especial – formada por senadores e deputados – a MP 839/18, que abre crédito extraordinário no valor de R$ 9,58 bilhões, garantindo recursos para o subsídio. Em seguida a matéria terá que ser aprovada nos plenários da Câmara, na mesma semana, e do Senado, até a semana seguinte. Já a MP 838/18, que já foi aprovada na comissão mista, também precisa ser votada nos plenários das duas casas.

Ainda assim a escolha do novo líder governista agradou o Ministério de Minas e Energia. Pai do ex-ministro da pasta, o deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (MDB/PE), Bezerra é um dos senadores mais atuantes em pautas do setor ao lado do governo. Ele foi escolhido relator do projeto da venda das distribuidoras da Eletrobras (PLC 77/18) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), em agosto, depois que o governo fracassou na tentativa de votar o texto em regime de urgência apenas no plenário do Senado. Foi também o único senador da base a defender publicamente a venda das distribuidoras nos últimos cinco meses.