A logística no descomissionamento

A logística no descomissionamento

O Desenvolvimento da exploração e produção de petróleo no Brasil nos mostra uma história de desbravamento pelos sertões, florestas remotas e praticamente indevassáveis e, finalmente, o mar. Mas neste, também não foi fácil, começamos por águas rasas, seguindo exemplos consagrados pelo mundo, mas não era o bastante, precisávamos avançar mais, cada vez mais fundo, até que, chegamos aquela que, até o momento, seria nossa última fronteira, o pré-sal.

Nessa busca incessante, primeiro por nos tornarmos produtores, depois autossuficientes, instalamos até agora, algo em torno de 150 plataformas, quase 10.000 poços em terra, quase 1.000 no mar, dezenas de milhares de km de dutos, centenas de ANM e outros equipamentos submarinos, com imenso esforço técnico e gerencial; pesquisadores; universidades.

Esse grande “mutirão” nacional, ajudado por empresas e técnicos de todo mundo, que, em um primeiro momento, nos emprestaram suas competências essenciais e, que hoje, absorvem nosso conhecimento em águas profundas e pré-sal, exclusivamente “Tupiniquim”. Mas nada foi fácil e, neste artigo, pretendo falar um pouco, sem se aprofundar, sobre a logística de comissionamento e, descomissionamento das plataformas de petróleo offshore e equipamentos submarinos.

O que irão ler, são conhecimentos da experiência que tive ao longo dos mais de 40 anos de trabalho na Bacia de Campos. Vamos começar:

Relembrando a figura do primeiro artigo, que trata da cadeia produtiva na área de O&G, sua interação ideal, que culmina com o Descomissionamento:

Pela figura acima, vemos que o EVTE (estudo de viabilidade técnico econômica), tem de considerar toda esta cadeia, exceto as melhorias e a EVU-extensão de vida útil, certo? Vejam que esta cadeia necessita em todas as suas fases de um avançado sistema de gestão em logística (obviamente muito mais que isto, mas não é nosso foco hoje).

Seguindo a cadeia acima:

i. Encontrar óleo, sísmica e Perfuração:

a. Sísmica: Para coleta de dados, os navios sísmicos arrastam cabos com equipamentos e sensores acoplados a eles (streamers), da qual possuem nomes técnicos apropriados, cada navio possui uma configuração especifica, variando em razão da quantidade de cabos que são arrastados no mar, podem ser para 6, 8, 10, 12, 14, 16 cabos, e o comprimento também destes cabos varia de configuração para configuração. Percebam pela figura abaixo, que antes deste navio chegar ao Mar, estando lá, voltando para sua base, a necessidade de uma Gestão logística, de uma rede de fornecimento de bens e serviços, que vem oferecendo ao longo dos anos, por exemplo, em grandes marcos:

i. Mecânica; elétrica; instrumentação; marinharia pesada – RH; material e manutenção – hotelaria; portos e estaleiros; TECNOLOGIA; transportes por terra; apoio de outras embarcações pelo mar; aeroportos; transporte aéreo; etc. A pergunta é: Até onde o empresariado da região está atualizado sobre esta atividade tão importante, eu diria, vital para a atividade de produção de Petróleo, tanto no mar, quanto em terra. Mas vocês podem estar se perguntando: O que isto tem a ver com Descomissionamento?

Eu respondo: Tudo!!! Porque tudo começa aqui, mas e você, empresário / estudante / político consegue ver isto? Você está acompanhando os movimentos e sabe que forma licitados levantamentos sísmicos volumosos para os próximos anos na Bacia de Campos? Está preparado ou se preparando para elas? Como o poder executivo de seu município está se preparando para ajudar o empresariado local? Como as entidades ligadas ao setor estão se preparando? Ou irão ficar esperando o Descomissionamento, que espero, seja o resultado de um comissionamento, fruto dos levantamentos sísmicos? PENSEM NISSO!

b. Perfuração

i. Poços Exploratórios: Uma vez descoberta pela sísmica uma acumulação que pode ter óleo que possa ser produzido, é hora de testar e, neste caso, começa a Logística;

ii. Uma vez, determinado pelo poço exploratório e outros testes (estou sendo simplista, só para seguir o raciocínio), determinado que, o campo é viável para produzir, começamos a perfuração dos poços produtores, começa a logística.

1. Para os dois casos acima, a logística é similar, temos oportunidades para: RH, alta tecnologia; parcerias estratégicas

no Brasil e exterior; portos e estaleiros; transportes marítimos e terrestres; área de C&M para manutenção das Sondas; manutenção em terra das ferramentas e equipamentos de perfuração (BOP; Juntas e Riser e telescópicas; Equipamentos de salvatagem (Baleeiras, Botes, etc.), aeroportos e aeronaves, etc. Faço as mesmas perguntas aqui, para políticos, empresários e sociedade organizada, que fiz acima no caso das sísmicas, estão preparados?

2. Agora sim, no caso dos poços, já posso falar de descomissionamento, da logística para tal, certo? Mas, a pergunta que não quer calar: Até aqui, Clareza Solar?

Pessoal, diferente dos outros artigos, este vou quebrando, devido sua importância para mim, espero que para vocês também.  Esta será a primeira parte para não ficar cansativo, então, como nas boas séries de tv, afirmo:

TO BE CONTINUED…