O que o petróleo representa para o Rio?

Chegada da plataforma P-67 ao Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Chegada da plataforma P-67 ao Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Chegada da plataforma P-67 ao Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Por Fernando Montera e Thiago Valejo
Não existem dúvidas sobre a localização dos principais projetos do mercado de petróleo no Brasil. É dentro dos limites marítimos fluminenses que encontramos o maior campo produtor – Lula, responsável por aproximadamente 30% de todo o petróleo produzido – e, também, os grandes projetos futuros, como Mero e a Cessão Onerosa e seus volumes excedentes.
O Rio é o hub de petróleo no país, não pelo seu potencial de reservas e as oportunidades que elas trazem, mas por todos os efeitos das atividades de exploração e produção que movimentam os elos da indústria fornecedora. Para melhor percepção destes retornos, é indicado avaliar os projetos de acordo com três óticas: aqueles já existentes e em operação, os em vias de iniciarem produção – os novos projetos, e, por fim, os que se encontram na fase de exploração. Cada uma destas óticas apresenta suas especificidades e oportunidades para o estado do Rio.
Projetos em operação
O estado do Rio é o maior detentor de campos offshore que podem ser classificados como maduros, considerando a regra de tempo de produção superior a 25 anos. O estado possui 52 dos 96 campos offshore e, se para cada um desses campos for mantida uma plataforma, a viabilização da extensão de vida útil destas áreas pode significar a demanda por 26 mil postos de trabalho anuais.
Nesses casos, em que ainda há espaço para aumentar a recuperação de reservas, serão necessários investimentos que se situam na ordem de 10 dólares por barril (US$/bbl) adicional recuperado, assim como gastos com a operação das atividades, que fica em torno de 36 US$/bbl.
Novos projetos de produção
Dado o volume estimado de reservas e a alta produtividade do pré-sal, concentrado em águas fluminenses, os novos projetos de produção de petróleo na Bacia de Santos são os mais promissores. Como destacado no Anuário da Indústria de Petróleo no Rio de Janeiro – Panorama 2018, publicação da Firjan, todos os nove sistemas de produção offshore previstos para iniciarem sua operação até 2019 no Brasil, são no estado do Rio. Em um horizonte um pouco maior, entre 2020 e 2022, a previsão é que mais outros oito projetos, de um total de 11, sejam instalados em águas fluminenses.
Estes projetos que estão previstos para iniciarem a produção em 2020 e 2022, devem ter o início das contratações de bens e serviços a partir de 2018 e 2019. Assim, são mais de US$ 60 bilhões em investimentos que podem absorvidos pela indústria fornecedora do estado do Rio. Após a instalação das plataformas, todos esses empreendimentos também demandarão outros dispêndios para sua operação e manutenção.
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Projetos de Exploração
Frutos da oferta de áreas por parte da União, os projetos de exploração de novos blocos são essenciais para garantir a continuidade e previsibilidade de demanda para a nossa indústria. Nos últimos dois anos, cinco Rodadas de Licitação de áreas foram realizadas pela ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, e dentre todas as áreas adquiridas em mar, mais de 50% delas estão localizadas no estado do Rio.
Considerando as ofertas vencedoras das Rodadas de 2017 e 2018, no mínimo, são esperados investimentos em 18 poços exploratórios, dos quais 3 serão realizados em terra. Estima-se, assim, investimentos no curto prazo na ordem US$ 1,5 bilhão, em, por exemplo, levantamento e processamento de dados geofísicos; perfuração, perfilagem, cimentação e completação de poços; estudos sísmicos; e afretamento e operação de embarcações de apoio marítimo.
E, como fazemos uso do petróleo?
Independentemente do estágio de cada projeto, é importante que o Petróleo seja utilizado como um catalisador de um Ciclo Pró-desenvolvimento econômico do nosso país. Por isso, a aplicação de instrumentos e ações pró-negócios são essenciais para melhorar ainda mais nosso ambiente de negócios e aumentar nossa competitividade, tanto para maximizar a captação desses investimentos e todos os seus retornos socioeconômicos, assim como a possibilidade de transbordar as capacidades produtivas das indústrias do Rio e do país para atingirem novos mercados nacionais ou internacionais.
A discussão sobre o aproveitamento das oportunidades que o petróleo traz deve ser aprofundada. Precisamos evidenciar não apenas uma visão quantitativa do mercado, mas provocar que os agentes deste mercado apresentem, cada vez mais, suas avaliações qualificadas sobre novos ciclos de petróleo e como continuaremos trabalhando, em conjunto, para realmente elevar o patamar de nossa nação.
Fernando Montera e Thiago Valejo
Especialista e Coordenador de Conteúdo Estratégico de Petróleo, Gás e Naval da Firjan