RIO — A 3R Petroleum espera que a aquisição do Polo Potiguar, junto à Petrobras, seja concluída em maio. A empresa aguarda, para as próximas semanas, o aval do Ibama para a transferência das licenças ambientais.
A companhia já tinha contrato assinado para a compra do Polo Potiguar, antes de a Petrobras decidir, a pedido do governo, suspender temporariamente o seu programa de desinvestimentos, para reavaliação de sua carteira de ativos.
Embora seja crítico aos desinvestimentos, o novo comando da Petrobras já informou que mantém em andamento a venda de ativos em “fase de assinatura e fechamento de contratos”.
Este mês, por exemplo, a petroleira concluiu a venda de quatro campos de produção terrestres reunidos no Polo Norte Capixaba, para Seacrest..
Polo Potiguar é transformacional para a 3R
A incorporação do ativo contribuirá com a ampliação da proporção de óleo no portfólio da companhia – que também passará a ter acesso a ativos de downstream e midstream, como a Refinaria Clara Camarão e as unidades de processamento de gás natural (UPGNs) do Ativo Industrial de Guamaré (RN).
O presidente da 3R, Matheus Dias, destaca que o Polo Potiguar, uma vez integrado ao portfólio da empresa, passará a representar 46% da produção total da petroleira. O polo produz, hoje, cerca de 16 mil barris/dia.
O executivo conta que a transferência das licenças de Ubarana (um dos subpolos do ativo) é a última condição precedente para conclusão do negócio. Segundo ele, o Ibama solicitou este mês esclarecimentos adicionais, já respondidas pela Petrobras e 3R.
“Não resta mais nenhuma obrigação específica e concreta do nosso lado e da Petrobras perante a agência. É monitorar e nos colocarmos à disposição para eventuais esclarecimentos. Nossa leitura é que estamos muito próximos e que em uma ou duas semanas consigamos concluir esse processo [com o Ibama]”, comentou, nesta quinta-feira (27/4), durante teleconferência com analistas e investidores.
O diretor financeiro, Rodrigo Pizarro, acredita que a empresa assumirá a operação do Polo Potiguar, efetivamente, em junho.
Taxa de exportação tem “efeito zero”
Rodrigo Pizarro comentou também sobre os efeitos da taxação sobre as exportações de petróleo cru, instituída por medida provisória pelo governo, até o fim de junho, para compensar a desoneração parcial da gasolina e etanol.
Segundo o executivo, a medida teve praticamente “efeito zero” sobre a 3R, porque a companhia comercializa a sua produção internamente.
“Primeiro, porque boa parte de nossa produção é vendida onshore, como ainda não temos o Polo Potiguar. O que poderíamos exportar nesse momento seria o óleo de Papa Terra, mas acabamos vendendo por contratos pré-definidos, não tem uma variação da negociação em função dos impostos de exportação”, disse o CFO.
“Por outro lado, se esse imposto acaba se perpetuando, o que não é a nossa expectativa, mas se acontecer, aí sim tem o efeito em toda a cadeia”, ressalvou.
Pizarro explica que o imposto, de 9,2%, uma vez efetivado, reduziria a margem dos produtores que exportam. As refinarias nacionais poderiam, então, se beneficiar disso, oferecendo preços mais baixos pela commodity do que pagariam num cenário sem impostos.
“Eventuais empresas que exportam podem tentar redirecionar o petróleo para refinarias brasileiras. Acaba reduzindo, indiretamente, a paridade interna no Brasil”, completou.
Pizarro não crê, contudo, que a taxação se perpetuará, uma vez votada no Congresso
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), garantiu este mês que o governo federal pretende cumprir o que está previsto na MP 1163: encerrar o imposto de exportação de óleo em junho e elevar os impostos federais da gasolina e do etanol hidratado.