RIO — A 3R Petroleum conversa com tradings globais interessadas em entrar como sócios no Polo Potiguar. A empresa pretende aprofundar os estudos sobre a avaliação financeira dos ativos de infraestrutura do cluster, antes de tomar uma decisão sobre uma potencial parceria.
A companhia assinou, em janeiro, contrato com a Petrobras, no valor de US$ 1,38 bilhão, para aquisição de 100% do ativo. O Polo Potiguar reúne 22 campos em produção e a infraestrutura associada — o que inclui os sistemas de dutos, as unidades de processamento de gás natural (UPGNs) de Guamaré (RN), a refinaria de Clara Camarão e o Terminal Aquaviário de Guamaré.
O diretor financeiro da 3R, Rodrigo Pizarro, destaca que a infraestrutura do Polo Potiguar tem uma capacidade de armazenagem de 1,8 milhão de barris e permitirá à companhia exportar, potencialmente, cerca de 90% de sua produção de óleo no futuro.
Segundo o executivo, é natural que um ativo desse tipo desperte o interesse de tradings. Pizarro afirma que empresas têm procurado a petroleira, interessadas em parcerias tanto comerciais — de olho em contratos de aquisição do petróleo — quanto parcerias estratégias, de capital.
A expectativa da 3R é que aquisição do Polo Potiguar seja concluída entre março e abril de 2023.
O diretor disse que, por ora, a companhia ainda está “longe de uma parceria de equity [capital]”, mas que contratou uma consultoria internacional para aprofundar os estudos de valuation (valoração) dos ativos de midstream e downstream do Polo Potiguar, para balizar a decisão sobre uma eventual futura parceria.
“Quando a 3R avaliou o Polo Potiguar, fizemos uma análise típica dos ativos de upstream e, quando fizemos a análise do dowstream e midstream, fizemos uma avaliação conservadora. De fato, quanto mais avaliamos e discutimos com eventuais parceiros, verificamos que temos potenciais bons upsides nos ativos para viabilizar eventual parceria de equity”, comentou o executivo, nesta quarta-feira (4/5), durante teleconferência com analistas e investidores.
Perfurações em Macau
A 3R produziu, no primeiro trimestre, cerca de 7,6 mil barris/dia de petróleo. Os volumes vêm, basicamente, dos polos Macau (RN), o principal ativo operacional da companhia, e Rio Ventura (BA).
A companhia espera iniciar em 2022 a perfuração de poços do plano de revitalização dos ativos, com foco, sobretudo, em Macau. Segundo Pizarro, o programa é da ordem de grandeza de seis a 12 poços e deve começar, provavelmente, no quarto trimestre.
A expectativa da petroleira é que as perfurações ajudem a aumentar o fator de recuperação da produção.
A 3R também prevê, em 30 dias, começar a operar a sua nova planta de separação óleo-água, na Bacia Potiguar. A instalação está em fase de comissionamento e permitirá à companhia fazer a recuperação secundária nos campos maduros e reduzir os custos com bombeamento de fluidos.
Além da operação de Macau e Fazenda Belém, a 3R deve incorporar novos ativos ao portfólio operacional nos próximos meses. A empresa espera concluir em três meses outras importantes aquisições de ativos da Petrobras, como os polos Recôncavo (Bacia do Recôncavo), Fazenda Belém (Bacia Potiguar) e Peroá (no offshore da Bacia do Espírito Santo). Em seguida, a petroleira também tem a expectativa de assumir Papa-Terra, na Bacia de Campos.
3R vende gás para Petrobras
O gás natural de Macau está sendo vendido para Petrobras, que ainda opera a UPGN de Guamaré, a cerca de US$ 6 o milhão de BTU. A companhia conseguiu aumentar em oito vezes o preço da molécula no primeiro trimestre, em relação a igual período do ano passado, depois de uma renegociação contratual com a estatal em dezembro.
Pizarro conta que a companhia avalia outras oportunidades de monetização do gás de seus campos e que mantém conversas com as distribuidoras do Espírito Santo (ESGás) e Bahia (Bahiagás), na busca de melhorias contratuais.
Ele explica, contudo, que a estratégia de monetização do gás da companhia passa não só pelo valor da molécula, mas por outras condições contratuais, como o grau de flexibilidade na oferta e penalidades.
O executivo cita que o contrato de venda do gás para a Petrobras, por exemplo, é flexível. Um dos diferenciais é que não há grandes penalidades por eventuais declínios na produção.
“Avaliamos outras oportunidades. Talvez atinjamos [em outros contratos] melhores tarifas, mas com mais penalidades em eventuais paradas de produção”, disse.
Pizarro mencionou, ainda, que não há expectativas de grandes excedentes de gás, disponíveis para comercialização, no Polo Potiguar — a não ser que sejam descobertas novas reservas nas áreas exploratórias adquiridas próximas ao ativo.