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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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“Temperaturas crescentes, chamas crescentes: a temporada de incêndios florestais de 2023 chegou”, alertou nesta quarta (26/7) o serviço de monitoramento atmosférico europeu Copernicus.
De acordo com a organização científica, o aumento das temperaturas globais e da frequência de eventos climáticos extremos intensificaram as ocorrências no continente europeu.
Até 22 de julho deste ano, o sistema que detecta queimadas na União Europeia informou que mais de 173 mil hectares já haviam sido reduzidos a cinzas – mais que o dobro da média de 80 mil hectares registrados no período de 2003 a 2022.
“Grécia, Itália e Turquia foram vítimas de incêndios em grande escala que representam uma ameaça significativa não só para o meio ambiente, mas também para os humanos”, disseram os cientistas.
Na Grécia, fogo e fumaça forçaram a evacuação de centenas de residentes e turistas nas ilhas gregas de Rodes, Evia e Corfu desde 17 de julho. As emissões desses incêndios florestais atingiram níveis recordes, com um total estimado de 1 milhão de toneladas de carbono entre 1º e 25 de julho.
Não é só na Europa
A combinação de temperatura elevada e clima seco alimentou uma intensa temporada de queimadas no Canadá, que arde desde o início de junho – mês mais quente já registrado globalmente.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), mais de 120 mil pessoas foram obrigadas a abandonar suas casas em toda a América do Norte.
Ainda não acabou
Até 24 de julho, mais de 650 incêndios florestais estavam fora de controle no Canadá. A fumaça chegou a Nova York e Washington no mês passado, derrubando a qualidade do ar no nordeste dos Estados Unidos.
O Canadian Interagency Forest Fire Centre estima que cerca de 11 milhões de hectares já queimaram em 2023 – em comparação com a média de 10 anos de cerca de 800 mil hectares. As emissões de CO2 são calculadas em mais de 100 milhões de toneladas para o mês de junho.
Ondas de calor adoecem e matam
O fogo é apenas uma parte problemática do aquecimento do planeta.
“Só no México, mais de 200 pessoas morreram devido ao calor. Espanha, Itália, Grécia, Chipre, Argélia e China também relataram mortes por calor, bem como um grande aumento de hospitalizações devido a doenças relacionadas ao calor”, relata a rede de cientistas climáticos World Weather Attribution (WWA).
As temperaturas ultrapassaram os 50°C no dia 16 de julho no Vale da Morte nos EUA e no noroeste da China.
“Grande parte da população na Itália e na Espanha e mais de 100 milhões de pessoas no sul dos Estados Unidos estão sob alerta de calor. Nas três regiões, a demanda por energia disparou e impactou negativamente várias culturas importantes, incluindo azeite na Espanha e algodão na China”, diz a WWA.
A partir de um cruzamento de dados, a rede avalia até que ponto as mudanças climáticas induzidas pelo homem alteraram a probabilidade e a intensidade do calor extremo de julho na América do Norte, China e Europa.
E conclui que, na China, teria sido um evento de cerca de 1 em 250 anos, enquanto o calor máximo como em julho de 2023 teria sido praticamente impossível de ocorrer na região dos EUA/México e no sul da Europa.
E o Brasil com isso?
Dados do MapBiomas (.pdf) apontam que, no primeiro semestre deste ano, 2,15 milhões de hectares foram queimados no Brasil, queda de 1% em relação ao mesmo período do ano passado. Se for considerada apenas a região da Amazônia, no entanto, as queimadas aumentaram 14% em relação ao último ano.
E a “temporada do fogo” na região começa agora: 81% dos focos de calor ocorrem de agosto a novembro, na média dos últimos sete anos analisados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
“A principal fonte de ignição dos incêndios florestais na Amazônia é humana, por práticas produtivas ainda ligadas ao desmatamento e ao manejo de pastagem”, explica Ane Alencar, diretora de Ciência no Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora da rede MapBiomas Fogo.
Mas o clima também é um fator importante. O Ipam explica que as mudanças climáticas estão reduzindo a duração da estação chuvosa e aumentando a da estação seca, principalmente no sul do bioma.
Além disso, chegada de um El Niño forte em 2023 pode elevar ainda mais a temperatura.
“Os anos de El Niño são sempre preocupantes para a Amazônia, pois a seca é mais severa e isso aumenta muito a probabilidade de uma queimada se tornar um incêndio florestal”, alerta a pesquisadora.
Em 1982 e 1983, um El Niño intenso contribuiu para o período com menor índice pluviométrico da Amazônia em 50 anos. A queda na chuva chegou a 70% em Manaus, em plena estação chuvosa, diz uma nota explicativa do instituto.
Curtas
Conexão Brasil-China
A cleantech brasileira Pontoon encontrou na parceria com investidores chineses uma estratégia para acelerar a geração solar. Em entrevista, o CEO Marcos Severine conta sobre a aposta em verticalização e atração de parceiros internacionais para desenvolver o mercado varejista de energia e convencer consumidores a migrar para os veículos elétricos.
Colômbia acelera eólicas offshore…
…mas sem avaliar impactos. Especialistas alertam para a necessidade de ajustes regulatórios e regras claras para estudos de impacto ambiental em licitações lançadas por governo de Gustavo Petro. Diálogo Chino
Aço verde
A divisão de aço da Thyssenkrupp vai receber 2 bilhões de euros em financiamento público na Alemanha para descarbonizar sua produção de aço, usando hidrogênio de baixo carbono.
Na quinta-feira passada, a Comissão Europeia liberou 2,85 bilhões de euros para apoiar as duas maiores siderúrgicas do continente, ArcelorMittal e Thyssenkrupp, em seus esforços para reduzir emissões. Reuters
Emissões de metano nos EUA
O governo de Joe Biden anunciou hoje (26/7) uma força-tarefa para uma abordagem de todo o governo visando a detecção de vazamento de metano e transparência de dados. Objetivo é apoiar esforços dos estados para mitigar e fazer cumprir os regulamentos de emissões.
795 indígenas assassinados
O número de indígenas assassinados no Brasil entre 2019 e 2022 chegou a 795. Só no ano passado, foram 180, de acordo com o relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), divulgado nesta quarta (26/7).
Em 2022, Roraima foi o estado que concentrou mais assassinatos, respondendo por 41. Mato Grosso do Sul vem logo atrás, com 38, seguido pelo Amazonas, com 30. Agência Brasil
Restauração da Caatinga
Banco do Nordeste e BNDES anunciaram a abertura de um edital de R$ 10 milhões para restauração da caatinga, por meio do programa Floresta Viva. A iniciativa conjunta é destinada a implementar projetos de restauração ecológica com espécies nativas e sistemas agroflorestais nos biomas brasileiros. Agência Brasil
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