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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A China irá deter mais de 80% da capacidade de fabricação global de polissilício, wafer, células e módulos fotovoltaicos de 2023 a 2026, apesar das políticas de mercados como Estados Unidos, Índia e União Europeia para incentivar a indústria local, analisa a Wood Mackenzie.
De acordo com um relatório recente, a expansão do domínio chinês sobre a cadeia de suprimentos global de energia solar tende a ampliar a lacuna tecnológica e de custos.
Em 2023, o país asiático investiu mais de US$ 130 bilhões na indústria fotovoltaica. Mais de um terawatt (TW) de capacidade de wafer, célula e módulo é previsto para entrar em operação até 2024.
Com isso, a capacidade solar da China seria suficiente para atender à demanda global anual até 2032, calcula a Woodmac.
Tecnologia avançada, baixos custos e cadeia de suprimentos completa dão vantagens competitivas ao mercado chinês.
“A expansão da fabricação solar da China tem sido impulsionada por margens elevadas para o polissilício, atualizações tecnológicas e pelo desenvolvimento de fabricação local em mercados estrangeiros”, avalia Huaiyan Sun, consultor sênior da Woodmac e autor do relatório.
“A China continuará a dominar a cadeia de suprimentos global de energia solar e a ampliar a lacuna tecnológica e de custos em relação aos concorrentes”, completa.
Gap de custos
Outros mercados começaram a aumentar a fabricação local de sistemas de geração solar, após a aprovação de políticas públicas de incentivo à indústria.
EUA e Índia, por exemplo, anunciaram mais de 200 GW de capacidade planejada desde 2022, com projetos incentivados pelas Lei de Redução da Inflação (IRA) e Incentivo de Produção Vinculada (PLI), respectivamente.
Mesmo assim, a consultoria observa que esses países ainda terão um caminho a percorrer até alcançar competitividade em termos de custos em comparação com o suprimento chinês.
Segundo o relatório, um módulo fabricado na China é 50% mais barato do que o produzido na Europa e 65% mais barato do que nos Estados Unidos.
“Apesar dos consideráveis planos de expansão de módulos, os mercados estrangeiros ainda não podem eliminar sua dependência da China para wafers e células nos próximos três anos”, observa Sun.
Na fabricação de células do tipo N, mais eficientes do que as do tipo P usadas até agora, a China pretende construir mais de 1 TW de capacidade – 17 vezes o planejado pelo resto do mundo.
Em seguida vem a Índia, prevista para ultrapassar o Sudeste Asiático como a segunda maior região de produção de módulos até 2025, impulsionada pelos incentivos do PLI.
Excesso de oferta
Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) estima que a capacidade global de fabricação de equipamentos fotovoltaicos deve mais do que dobrar em 2024 – mais de 90% concentrada na China.
A agência identificou um aumento de mais de 120% de novos projetos de fabricação de energia solar fotovoltaica anunciados entre novembro de 2022 a maio de 2023, com destaque para EUA e Índia, onde o potencial de criação de cadeias de suprimentos fotovoltaicas em cada uma dessas regiões supera 20 GW de capacidade.
Mas toda essa capacidade está levando a indústria a um excesso de oferta, diz a agência.
E alguns planos de expansão começaram a ser cancelados.
De acordo com os analistas da Woodmac, as preocupações sobre o excesso de oferta no mercado se concentram principalmente em linhas de produção antigas que fabricam produtos de eficiência inferior, como células do tipo P e M6.
A demanda por células do tipo P começou a declinar em 2023, e a expectativa é que ela represente apenas 17% do suprimento até 2026.
“O excesso de oferta inegavelmente prejudicará alguns dos atuais planos de expansão. Mais de 70 GW de capacidade na China foram cancelados ou suspensos nos últimos três meses”, comenta Sun.
Cobrimos por aqui:
- O Brics+ e a corrida pela transição energética
- Pontoon encontra em parceria com chineses estratégia para acelerar geração solar
- China triplica investimentos em energia renovável na América Latina
- China concentra novas usinas a carvão
Curtas
Fósseis rebaixados
Grande parte da indústria de combustíveis fósseis pode estar enfrentando uma era de rebaixamento de crédito se os produtores se mostrarem muito lentos em se adaptar a um futuro com baixas emissões de carbono, de acordo com a Fitch Ratings. Empresas de petróleo e gás se destacam como os emissores mais vulneráveis em uma análise realizada pela agência de classificação de risco.
Lítio derruba primeiro-ministro português
António Costa, do Partido Socialista, renunciou ao cargo na terça (7/11), em meio a investigações sobre um suposto esquema irregular de exploração de lítio e produção de hidrogênio verde em seu governo. Costa foi alvo de uma operação de busca e apreensão do Ministério Público português em sua residência. O premiê nega envolvimento em qualquer irregularidade.
PIB nuclear
Cada R$1 bilhão em investimentos na energia nuclear no Brasil contribui para um aumento de R$ 3,1 bilhões na produção no país, com 68% desse valor concentrado no estado do Rio de Janeiro, afirma um estudo da FGV lançado nesta quarta (8). O acréscimo ao Produto Interno Bruto (PIB) chega a R$ 2 bilhões, sendo 80% desse impacto no RJ.
Onda de calor
Novembro pode ter onda de calor ainda mais intensa nos próximos dias, com as temperaturas subindo em boa parte do país, de acordo com o Climatempo. A organização chama atenção para uma nova onda de calor que pode resultar em máximas na casa dos 40ºC.
E o El Niño deve durar até abril
Segundo agência da ONU, o fenômeno se desenvolveu rapidamente em 2023 e pode atingir seu pico no primeiro semestre do ano que vem. A Organização Meteorológica Mundial alerta que eventos climáticos extremos como ondas de calor, secas, incêndios florestais e enchentes serão mais comuns em algumas regiões e podem gerar maiores impactos.
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