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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Com potencial de faturar R$ 150 bilhões por ano com o mercado de hidrogênio verde até 2050, o Brasil quer que países ricos estabeleçam mandatos nacionais para o energético e outros derivados, como combustível sustentável de aviação (SAF, em inglês) e diesel verde, para incentivar a produção na América Latina.
Durante reunião multilateral em Davos, na Suíça, onde ocorre o evento anual do Fórum Econômico Mundial (WEF, em inglês), o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse que os incentivos e subsídios dados pelos países ricos não são suficientes para promover a transição energética em nações emergentes.
“Países desenvolvidos devem financiar a transição criando demanda. Além da questão da sustentabilidade, essa economia não pode deixar de ser capitalizada pelos países em desenvolvimento”, afirmou durante reunião nesta quarta (16/1). As informações são do MME.
Estudo da consultoria alemã Roland Berger indica que a exportação do hidrogênio será responsável por cerca de R$ 100 bilhões dos R$ 150 bilhões em receitas previstas para o Brasil até meados do século.
O país está em fase de discussão regulatória tanto para o H2 quanto para o SAF e diesel verde.
Hubs para exportação
Paralelamente, os principais portos brasileiros têm atraído empresas interessadas em formar hubs para produzir e exportar o energético, de olho, principalmente, no mercado europeu.
Nesta terça (15), a petroleira britânica bp assinou um Memorando de Entendimento (MoU) com o governo do Ceará para estudar a construção de uma planta de produção hidrogênio verde e derivados, como a amônia verde, no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).
Segundo Ian Spafford, diretor global de novos negócios da bp, a companhia está trabalhando com diversos segmentos no mundo, principalmente nos Estados Unidos, para criar demanda.
A companhia atualmente desenvolve mais de dez projetos de produção de hidrogênio azul e verde na Europa, EUA e Austrália, que somam um pipeline de 2,8 milhões de toneladas por ano de capacidade de produção.
Já no caso do Pecém, esse é o 36° memorando assinado entre o governo cearense e empresas nacionais e estrangeiras para o desenvolvimento de um hub de hidrogênio. Outros quatro pré-contratos já foram firmados – Fortescue, AES, Cactus e Casa dos Ventos.
Um dos motivos por trás desse apetite pelo mercado internacional é o preço da molécula verde. Por ser mais cara que a produzida a partir de gás natural (fóssil), sua aceitação pelo mercado brasileiro pode ser mais demorada, enquanto consumidores de países ricos sinalizam uma disposição maior para pagar um prêmio pela descarbonização.
Ao mesmo tempo, a matriz elétrica predominantemente renovável do Brasil o coloca entre os mercados mais promissores para fornecer os combustíveis de transição energética a preços competitivos no cenário internacional.
Combustível do Futuro vai incluir B25
O relatório do projeto de lei do Combustível do Futuro (PL 4516/23), que propõe mandatos para SAF e diesel verde, deve ser apresentado no início de fevereiro, quando o Congresso Nacional retorna do recesso legislativo, disse o deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) nesta quarta.
Durante entrevista ao Poder 360, o relator também confirmou que o texto trará previsão para elevar a mistura obrigatória de biodiesel ao diesel até 25% (B25). O prazo para alcançar o percentual, no entanto, ainda não está definido.
A mistura, hoje, está em 12% e subirá para 14% em março.
“Nós vamos fazer uma escala para que ele vá até 20% e vamos deixar cravado na legislação uma possibilidade de evoluir até 25% da mistura no diesel. Nós estamos terminando de definir [os prazos] e vai ter uma escala de anos para fazer isso”, disse o deputado.
Aumentar a curva de mistura de biodiesel até 25% é uma proposta costurada pelo MME. Em dezembro, na COP28, o ministro anunciou a intenção de inserir no PL 4516/23 o aumento do piso de mistura para 10% e o teto para 25%, mantendo a fixação do percentual a cargo do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
Curtas
Estoque de hidrogênio
A Chevron, por meio da subsidiária Chevron New Energies, iniciou a construção de uma planta de produção de hidrogênio verde em Utah, nos Estados Unidos. Segundo reportagem do New York Times, a companhia, em parceria com a Mitsubishi Power Americas, espera estocar o hidrogênio em cavernas de sal, para produção de eletricidade em uma térmica da região.
Transição na Índia
Cortes de oferta da OPEP+ e tensão geopolítica estão a levar a Índia, o terceiro maior importador de petróleo do mundo, a diversificar as suas fontes de petróleo e a acelerar a sua transição energética, disse o ministro Hardeep Singh Puri nesta quarta em Davos.
Plano para CCS
A União Europeia está elaborando um plano para incentivar a captura e armazenamento de carbono industrial até 2050. Objetivo é capturar até 450 milhões de toneladas de CO2 por ano, de acordo com um documento da Comissão Europeia visto pela Reuters. O bloco emitiu 3 bilhões de toneladas de CO2 em 2022.
Minigeração no Reidi
O MME publicou, nesta quarta (17/1), a portaria que abre a Consulta Pública sobre os procedimentos para empresas geradoras solicitarem enquadramento de projetos de minigeração distribuída no regime especial de incentivos. O prazo para contribuições é de 30 dias.
A abertura da consulta foi antecipada pela epbr em dezembro: com a demora na regulamentação, empresas começaram a recorrer à justiça para conseguir o benefício.
Usina híbrida
A EDP Renováveis iniciou as operações do primeiro parque eólico-solar híbrido da Espanha, com previsão de produzir mais de 58 GWh de eletricidade por ano. Localizado em Santa María del Cubillo, na província de Ávila, na zona central do país, o parque conta com 22 turbinas eólicas e 25 mil painéis solares fotovoltaicos bifaciais instalados no mesmo local, e capacidade de 28,75 MW.
De comissária a CEO
Mitsuko Tottori, de 59 anos, foi nomeada presidente da companhia aérea Japan Airlines nesta quarta-feira (17), algo excepcional, já que a promoção de mulheres é escassa nas grandes empresas japonesas, relata a AFP. Ex-comissária de bordo da companhia aérea, ela assume a presidência a partir de 1º de abril.
*Atualizado para corrigir informação sobre o percentual de biodiesel em vigor
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